Tarde suave, vestida de azul traz saudade de um certo sorriso nos olhos e uma rouca voz ao pé do ouvido. A terra continua úmida, mas ja não cai tanta água. O azul toma conta agora encorajando a voz cada vez mais nítida dos canarinhos no quintal. Estou no sossego. No meu sossego. Este que só tem sentido porque tem cheiro de infancia, comida de mãe, carinho de pai e risada gostosa da irmã caçula quando me pega fazendo alguma micagem. Tenho saudade desse lugar. Vontade de ficar e deixar o mundo lá fora. Essa tarde me fez lembrar de como os bolinhos de barro ficavam mais suculentos e esculturais com a terra úmida. Arremessos de casca de mexerica com curvas perfeitas valendo a honra e o orgulho de chegar mais longe que o tio marmanjo, mestre de tal feito. Delícia de fim de tarde, mas tenho que sair porque o mundo não pára, simplesmente, porque eu quero. Ainda bem! Lembrei de sorriso nos olhos e uma rouca voz me esperando lá fora.
 |
| por sandra ribeiro |
