Mais um trago daquele maldito cigarro
me consome,
me engasga,
embolia minhas palavras.
Palavras ardidas,
quentes
e febris
chegam a queimar a garganta,
formam labaredas
que tocam o céu da boca.
O único líquido capaz de dominá-las
são lágrimas.
Um suspiro de impotencia!
Cerro a boca,
engulo tudo com um gole de uma coisa qualquer
que desce entalando.
Ajeita,
apruma,
deita,
silêncio!
O sabor amargo, fétido e cinza,
misturado à saliva grossa, quente e amarela
faz a noite toda se esvair
fria e embaçada.
As palavras ja não se permitem sonorizar aos ouvidos,
mas na cabeça latejante de ressaca e meras ideias.
Vai ver o acaso, destino, seja la como for,
resolveu que esse mal eu teria de sofrer.
.
O dia seguinte, cinza como quis ser,
amanheceu com um afago,
um abraço,
um toque,
...
Uma mescla de cores
fez deixar de lado a sombra
cinza e maldosa que não se desprega mais de mim.